15 aprendizados vividos no TikTok


Pois é, não resisti à rede chinesa famosa pelos vídeos curtos divertidos e seus desafios. Não satisfeita ainda arrastei Guto pro jogo. Hoje estamos por lá com perfis bastante diferentes: um que busca por conteúdo e se arrisca a produzir alguns vídeos e outro que entra e só arrasta pra cima consumindo os vídeos que a rede seleciona naquilo que ela chama de ''for you'', ''pra você'' em português.

Criei uma conta no TikTok quando a ferramenta Reels chegou ao Instagram. Tomei a decisão quando li que os Reels eram inspirados nos vídeos do TikTok. Como não havia entendido nenhum deles, voltei ao TikTok para estudar na fonte. Entrei lá como aquela adolescente que chega na festa e não conhece ninguém. Não entendi nada e não me esforcei para entender porque fui de cara bombardeada com vídeos da Bruna Marquezine e do Neymar. Zero interesse. Fechei, desinstalei e fui embora.

Bem no meio da pandemia precisei criar conteúdo para as redes sociais de um cliente baseado em TikTok. Não tive saída: criação e pesquisa são ações que andam de mãos dadas, e isso me levou a investigar a coisa toda mais profundamente.

Estudei a rede detalhadamente por três meses inteiros. São os resultados desses estudos que vou compartilhar em forma de tópicos hoje aqui com vocês.


Os 15 aprendizados


1. O público é muito jovem. O cenário vem mudando porque a rede não para de crescer, mas no geral há muitos adolescentes e jovens.

2. O app é um verdadeiro hub de edição de vídeos. Há centenas de filtros, efeitos, modelos e áudios que permitem criar praticamente o que você quiser lá dentro mesmo.

3. Tem profissional de tudo que é nicho ensinando coisas rápidas: edição de vídeo, direito, paleontologia, culinária, finanças, psicologia e assim segue sem cessar... E tem muita dica boa. Mas, também tem muita dica lixo. Para estar por lá você precisa ser uma pessoa questionadora e pesquisadora para checar fora dele as informações que recebe.

4. Há muitas pessoas mostrando detalhes dos seus bairros, cidades ou países. Alguns vídeos são bem informativos e outros são pautados no humor.

5. Humor. Tem muito humor no TikTok. Arrisco dizer que entretenimento é o principal foco das pessoas lá dentro. Quem souber trabalhar com isso de forma inteligente vai se dar muito bem por lá.

6. TikTok não é só sobre virais; é sobre o poder que você tem de fazer viralizar.

7. Você vai ficar muito chocado com o que a garotada anda produzindo em vídeo a partir de um celular. Principalmente se você passou 4 anos na faculdade estudando isso. Eles sabem fazer planejamento, roteiro, filmagem, edição e construir narrativas de forma impressionante e ainda ensinam você a fazer também.

8. Por falar em ensinar, tá cheio de professor no TikTok. Por ser uma rede de vídeos curtos, cai no gosto da galera quem tem uma boa ideia e investe nela. Eu assisto a todos os vídeos da Ana Cristina, bióloga que só posta vídeos de materiais ampliados no microscópio, de molho de tomate a fio de cabelo. Também gosto muito do Afrofísico que dá dicas divertidas de física.

@afrofisico Velocidade do som vs. velocidade da luz #aprendanotiktok #som #luz ♬ Head vs. Heart - kyo

9. E tem também profissionais de áreas como Sound Design mandando muito bem no TikTok. Assisto tudo que o Felipe Vassão posta. Ele aborda o universo do design de sons de um jeitão que só ele tem.

@felipevassao Já se perguntou o que é #foley ? #aprendanotiktok #curiosidades #vocesabia #sounddesign #som #sompracinema #somdecinema #cinema #filmes #mixagem #jackfoley #cinemamudo #academiadepilantragemmusical ♬ original sound - Felipe Vassão

10. No TikTok eu descobri que a garotada tem muita dificuldade com português. Tá aí uma boa oportunidade para um professor ou professora de português que encontre um formato que atraia a atenção da galera. A presença de adultos que possam curar as dores que a gente vê no TikTok é essencial.

11. E por falar em dores, vamos a elas. Há muito conteúdo sobre comportamento sendo publicado no TikTok. Alguns bem problemáticos. Percebi que é muito importante que pessoas adultas e responsáveis por um jovem que está na rede possam acompanhar de alguma forma o que acontece lá. Há muita distorção da realidade, abordagens inconsequentes sobre temas sensíveis e bullying. Como o algoritmo trabalha para prender você na rede com base no que você assiste, quando assistimos alguns conteúdos problemáticos, novos conteúdos vão pipocar de forma exponencial na sua tela.

12. O algoritmo do TikTok é diferente e muito mais eficiente na tarefa de viciar você. Eles explicam como ele funciona no próprio blog da rede. Vale a pena ler para entender. No site também há o acesso para o portal de Creators que é praticamente uma escola de comunicação: https://www.tiktok.com/creators/. Tem muita coisa aberta para ler e estudar. Esse é um ponto positivo.

13. No TikTok tem espaço para a vida real. Esse é um destaque especial que quero fazer porque há perfis de pessoas que, por exemplo, moram na roça e mostram como é a vida por lá. Também há perfis como o da Dona Raimunda que faz lives ensinado a cozinhar na sua casa simples e maravilhosa. Esse foi o ponto chave para o TikTok me ganhar. A vida real está lá.

@raimundabatista01

😋😋

♬ som original - Raimunda Batista

14. Definitivamente não é uma rede para crianças. Mas, há pais que estão por lá dividindo a cena com seus filhos. Em alguns casos é uma interação saudável, como o perfil de um pai que faz coreografias com sua filha. Em outras eu fico me questionando as consequências da exposição como no caso da garotinha que acabou no comercial com a Fernanda Montenegro.

15. Aqui é um ponto crítico: a diferença de leitura em termos de consumo de conteúdo. Exemplo: a leitura que uma adolescente dançando funk tem de si própria dançando é diferente da leitura que um homem de 40 faz ao assistir. Temos um conflito que envolve questões de comportamento e geração que criam situações complicadas, principalmente nos comentários dos vídeos. Acredito que deve ter questões complicadas nas mensagens privadas também. Esse é um ponto que me incomoda, mas que é muito simples de perceber em poucos dias navegando pela rede.

Toda essa lista eu anotei durante os três primeiros meses de uso do aplicativo. Esse estudo aconteceu entre novembro de 2020 e janeiro de 2021. De lá pra cá muitos novos aprendizados aconteceram porque eu continuei por lá, mas eles serão assunto de um novo post. 

Aliás, aproveita pra seguir o meu perfil: @karlagvidal. Não sei o que ando fazendo, mas meu avatar por lá dança bastante!

@karlagvidal Trouxe @gutinhonoronha pra dançar comigo 🥰 #tiktokdance #fyp ♬ Calm Down - Rema


Você já está no TikTok? Diz pra gente nos comentários.

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